segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Viagem em tubo de ar comprimido

Em substituição ao trem-bala, empresário americano sugere viagem em tubo de ar comprimido.tubo comprimido

 

Como se sabe, o Brasil planeja implantar um sistema de trem-bala entre Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro a um custo estimado de US$ 15 bilhões.

Recentemente um empresário norte-americano apresentou um projeto para transportar os passageiros a custo p/pessoa inferior a 10% do valor do trem-bala. Basicamente, este sistema se resume a uma cápsula do tamanho de um carro com a viagem acontecendo a incríveis 1.135 km/h.

Parece um brinquedo como os presentes em parques de diversões, mas é uma alternativa real para o transporte de alta velocidade num futuro bem próximo. O conceito foi revelado por Elon Musk, empreendedor norte-americano, que mostrou que, com o seu invento, uma viagem entre SP e RJ demoraria apenas 15 min., contra os atuais 50 min. da ponte aérea.

Segundo Musk, o projeto poderá entrar em funcionamento dentro de 7/10 anos. Com custo estimado em US$ 6 bilhões, este projeto custa 10% do valor do projeto do trem-bala da Califórnia que liga Los Angeles a San Francisco. O sistema lembra os tubos usados para transportar documentos em edifícios antigos.


Gargantilha folheada a prata e pingente de tartaruga c/ texturas e pedras strass


Por que o brasileiro lê pouco?

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O hábito de ler é como a prática de esportes. Quanto mais se pratica, mais vontade temos de praticar.

Gostar da leitura é algo que vem com o tempo, mas quanto mais cedo ocorrer o incentivo, melhor. A leitura permite um desenvolvimento cultural e psicológico, levando a criar imaginariamente os cenários apresentados nas histórias, uma forma de desenvolver novas formas de vermos o mundo ao nosso redor.

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O baixo índice de leitura entre os brasileiros não só prejudica o indivíduo em si, mas toda a sociedade no todo. A leitura permite percorrer novos caminhos, e que a sociedade se prepare para evitar cair nas “armadilhas” das políticas de massa.

Segundo um levantamento do Instituto Pró-Livro realizado em 2007 com 5.012 entrevistados de todo o país, verificou-se que os brasileiros leem, em média, apenas 1,25 livro p/ano. Esta pesquisa também mostrou que a maior parte dos não-leitores está entre os adultos, na faixa dos 30 aos 70 anos. Que tristeza quando eu penso que leio uma média de 14 livros ao ano, portanto, me encontro totalmente fora da curva.

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Para entender porquê estes índices são tão baixos, é preciso analisar alguns aspectos, como por exemplo dados de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrando como os brasileiros direcionaram seu gastos. Mais de 63% foram destinados para:

§ Alimentação e bebidas (30%);

§ Habitação (16,09%);

§ Transportes (16,35%).

E os 37% restantes para:

§ Educação (3,16%);

§ Vestuário (8,07);

§ Artigos de Residência (5,14%);

§ Saúde e Cuidados Pessoais (9,13%);

§ Comunicação (4,91);

§ Despesas Pessoais (7,15%).

Considerando que mais da metade das famílias brasileiras vive com 1 salário mínimo (510 reais em 2010), comprar apenas 1 livro por 40 reais (preço médio) é, para elas, um gasto quase impossível de realizar...

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Outro aspecto é o incentivo à leitura, que não deve partir apenas dos pais e professores, mas também do governo, que teria obrigação de criar meios para que os adultos pudessem adquirir livros por preços menores, o que não ocorre.

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Além do programa "Minha Casa, Minha Vida"..., o governo - sempre preocupado com o bem-estar da massa eleitoral - também lançou o programa "Minha Casa Melhor", que é uma linha de crédito (juros de apenas 5% ao ano) para as pessoas menos favorecidas poderem comprar móveis e eletrodomésticos com pagamento parcelado em até 48 meses: sofás, mesas e cadeiras, estantes ou racks, móveis para a cozinha, fogões, geladeiras, lavadoras de roupa, fornos microondas, camas, berços, roupeiros, colchões (inclusive, pasmem, os do tipo box), computadores, notebooks, tablets e tv digitais!!! (relembrando: trata-se de um programa para ajudar as pessoas mais pobres).

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Fonte:http://ditadosereflexoes.blogspot.com.br/2013/12/por-que-o-brasileiro-le-pouco.html


Anel de falange ajustável folheado a ouro


sábado, 21 de dezembro de 2013

Humor Atrai Atenção e Garante Adesão dos Ouvintes


O Bom Humor é um Traço de Personalidade que Pode e Deve Ser Desenvolvido. Aprenda a Conquistar a Adesão de seus Ouvintes.

De acordo com Van Marchetti – consultora, palestrante, facilitadora e instrutora de treinamentos corporativos – um toque de humor atrai a atenção e o interesse do público e o sucesso é praticamente garantido. O bom humor é um traço de personalidade que pode e deve ser desenvolvido.

Para melhorar seu desempenho no mundo corporativo, é preciso descobrir novos caminhos para atrair a atenção de seu público, seja em apresentações, reuniões ou conferências. O uso do humor cria empatia com as pessoas e as faz serem importantes.

Quando o assunto a ser tratado é entediante, faça as pessoas interagirem com você: pergunte, dê exemplos do dia a dia, faça comparações, peça ajuda, aprenda a contar histórias de uma maneira divertida.

O humor faz com que as pessoas imaginem a situação e fixem o conteúdo de maneira eficaz. Além disso, ele proporciona adesão dos seus ouvintes, aumentando consideravelmente sua empatia com o público. Pois como diria Victor Borge, conhecido como o "rei dos palhaços" da Dinamarca: “O riso é a distância mais curta entre duas pessoas”.

Pensando nisso que Lauro Padilha elaborou o livro e áudiolivro “Aprenda a Administrar com Humor” publicado pela AFE – Aprenda Fácil Editora. Segundo ele, as obras possuem conteúdo prático e bem humorado abordando ensinamentos que auxiliam as funções administrativas.

https://www.afe.com.br/gestao-empresarial/livro/aprenda-a-administrar-com-humor

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Degraus de Ilusão

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Fala-se muito na ascensão das classes menos favorecidas, formando uma “nova classe média”, realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural, não ouço falar). Em teoria, seria um grande passo para reduzir a catastrófica desigualdade que aqui reina.

Receio, porém, que do modo como está se realizando, seja uma ilusão que pode acabar em sérios problemas para quem mereceria coisa melhor. Todos desejam uma vida digna para os despossuídos, boa escolaridade para os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira, isto é, educação, saúde, transporte, energia elétrica, segurança, água, e tudo de que precisam cidadãos decentes.

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Entretanto, o que vejo são multidões consumindo, estimuladas a consumir como se isso constituísse um bem em si e promovesse o real crescimento do país. Compramos com os juros mais altos do mundo, pagamos os impostos mais altos do mundo e temos os serviços (saúde, comunicação, energia, transportes e outros) entre os piores do mundo. Mas palavras de ordem nos impelem a comprar, autoridades nos pedem para consumir, somos convocados a adquirir o supérfluo, até o danoso, como botar mais carros em nossas ruas atravancadas ou em nossas péssimas estradas.

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Além disso, a inadimplência cresce de maneira preocupante, levando famílias que compraram seu carrinho a não ter como pagar a gasolina para tirar seu novo tesouro do pátio no fim de semana. Tesouro esse que logo vão perder, pois há meses não conseguem pagar as prestações, que ainda se estendem por anos.

Estamos enforcados em dívidas impagáveis, mas nos convidam a gastar ainda mais, de maneira impiedosa, até cruel. Em lugar de instruírem, esclarecerem, formarem uma opinião sensata e positiva, tomam novas medidas para que esse consumo insensato continue crescendo – e, como somos alienados e pouco informados, tocamos a comprar.

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Sou de uma classe média em que a gente crescia com 4 ensinamentos básicos: ter seu diploma, ter sua casinha, ter sua poupança e trabalhar firme para manter e, quem sabe, expandir isso. Para garantir uma velhice independente da ajuda de filhos ou de estranhos; para deixar aos filhos algo com que pudessem começar a própria vida com dignidade.

 

Tais ensinamentos parecem abolidos, ultrapassadas a prudência e a cautela, pouco estimulados o desejo de crescimento firme e a construção de uma vida mais segura. Pois tudo é uma construção: a vida pessoal, a profissão, os ganhos, as relações de amor e amizade, a família, a velhice (naturalmente tudo isso sujeito a fatalidades como doença e outras, que ninguém controla). Mas, mesmo em tempos de fatalidade, ter um pouco de economia, ter uma casinha, ter um diploma, ter lia4objetivos certamente ajuda a enfrentar seja o que for. Podemos ser derrotados, mas não estaremos jogados na cova dos leões do destino, totalmente desarmados.

Somos uma sociedade alçada na maré do consumo compulsivo, interessada em “aproveitar a vida”, seja o que isso for, e em adquirir mais e mais coisas, mesmo que inúteis, quando deveríamos estar cuidando, com muito afinco e seriedade, de melhores escolas e universidades, tecnologia mais avançada, transportes muito mais eficientes, saúde excelente, e verdadeiro crescimento do país. Mas corremos atrás de tanta conversa vã, não protegidos, mas embaixo de peneiras com grandes furos, que só um cego ou um grande tolo não vê.

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A mais forte raiz de tantos dos nossos males é a falta de informação e orientação, isto é, de educação. E o melhor remédio é investir fortemente, abundantemente, decididamente, em educação: impossível repetir isso em demasia. Mas não vejo isso como nossa prioridade.

Fosse o contrário, estaríamos atentos aos nossos gastos e aquisições, mais interessados num crescimento real e sensato do que em itens desnecessários em tempos de crise. Isso não é subir de classe social: é saracotear diante de uma perigosa ladeira. Não tenho ilusão de que algo mude, mas deixo aqui meu quase solitário (e antiquado) protesto.


Artigo de Lya Luft

Fonte: http://ditadosereflexoes.blogspot.com.br/2013/12/degraus-de-ilusao.html


Gargantilha folheada a ouro com pingente igual ao da Tereza (da novela Viver a Vida)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Os novos trombones da direita

Nos dez anos do PT no poder, uma turma de intelectuais provocadores roubou da esquerda a supremacia no terreno da polêmica.


debate_paulo (Foto: Diego Vara/Ag. RBS/Folhapress)

Em novembro deste ano, a esquerda brasileira vai comemorar os dez anos da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República. Precisamente quando está prestes a celebrar bodas de alumínio no poder, a esquerda está levando uma rasteira numa arena onde costumava exercer uma proverbial supremacia: o debate de ideias com impacto na opinião pública. Hoje, quem canta de galo nesse terreiro, e com ironia aguçada, são intelectuais mais conectados com conceitos e valores ditos “liberais” e “conservadores”, que, em outras épocas, viviam confinados a recessos de pouca audiência. Enquanto a oposição aos governos petistas está mais esquálida que nunca no Congresso, esses intelectuais chamam a atenção por espicaçar Lula, a presidente Dilma Rousseff, a esquerda ou tudo o que remotamente se convencionou chamar de “politicamente correto” ou “progressista”.

debate_luiz (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress)

É uma turma de origem eclética, formada por pessoas da estirpe do historiador Marco Antonio Villa, dos filósofos Luiz Felipe Pondé e Denis Lerrer Rosenfield, do sociólogo Demétrio Magnoli e do economista Rodrigo Constantino. Nela, cabe também o português João Pereira Coutinho, cientista político. Num país onde assumir-se de direita ainda carrega certo estigma (ecos do regime militar) e não se encontra um político ou partido com essa linha, alguns deles não se pejam de assumir a coloração ideológica. “Não vejo problema nenhum em ser chamado de direitista. Se direita no Brasil significa a defesa da liberdade pessoal, do estado e do direito de propriedade, sou de direita, sim, com muito orgulho”, disse, numa entrevista, Rosenfield, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rosenfield é um especialista em atacar sem-terra, quilombolas, índios, ambientalistas e todos que relativizam o direito à propriedade, que vê como “fundamento de toda sociedade civilizada”.

debate_joao (Foto: Diego Vara/Ag. RBS/Folhapress)

Colaboradores reguladores dos grandes jornais, esses intelectuais são às vezes comparados aos pensadores neoconservadores que se destacaram nos Estados Unidos, por rejeitar as teses de liberalismo social, relativismo moral e contracultura, que emergiram durante os anos 1960. No Brasil, a repercussão alcançada por eles – e um certo eclipse das vozes “progressistas” – se dá, porém, num contexto diferente. “Acontece que os intelectuais da área governista basicamente concordam com tudo o que está aí. Não criticam porque subscrevem”, diz Magnoli. Por outras palavras, a esquerda teria passado a assinar embaixo do situacionismo – e assim é natural que se destaque quem desafina no coro dos contentes. Ainda mais ácido, o historiador Marco Antonio Villa diz que a preeminência alcançada pela tropa na qual ele figura se deve ao panorama geral da intelectualidade brasileira – desalentador, segundo sua descrição. “Com a redemocratização, os intelectuais foram se afastando. Contam-se nos dedos aqueles que têm uma presença ativa. Pode ser que os intelectuais chapa branca estejam satisfeitos recebendo alguma prebenda estatal. Pode ser também que não disponham de argumentos para travar um debate aberto”, diz Villa.

debate_rodrigo (Foto: Marcos Alves/Ag. O Globo)

Mais um sintoma de que a maré da intelligtensia brasileira está virando para estibordo é o recente lançamento do livro O guia politicamente incorreto da filosofia, de Pondé. Ele merece ser lido por várias razões – algumas delas talvez não sejam exatamente aquelas com que seu autor sonhava. De bate-pronto, seu título chama a atenção por apregoar a condição de politicamente incorreto com o descaramento de uma bandeira das tíbias cruzadas no mastro de um navio pirata. Ao apregoado voto de silêncio da esquerda, Pondé responde com um ruidoso chumbo grosso. Na capa do livro, ele aparece desinibidamente entre um escrete de pensadores, chupando filosoficamente seu charuto. Logo nas primeiras páginas, o autor, um faixa preta do bate-boca, escreve: “Este livro é movido por uma intenção específica: ser desagradável para um tipo específico de pessoa. Se você é uma delas, tenha em mim um fiel e devoto inimigo. Desejo sua extinção”.

Pondé teve precedentes tão ou mais heterodoxos como o americano Henry Adams, segundo o qual “a filosofia consiste em respostas ininteligíveis para problemas insolúveis”. O britânico Bertrand Russell (prêmio Nobel de Literatura de 1950, conhecido pelas ideias pacifistas e socialistas) assinou uma história da filosofia, de Pitágoras a Bergson, em 1.000 páginas e lá vai pedrada – mas nada abstrusa. O livro de Pondé mete o bedelho em tudo e mais alguma coisa: baianidade, turismo, beleza feminina. Soa mais aos moralistas do século XVII, aliás citados por ele, do que a um ideólogo sistemático. Volta e meia, destila apetitosos epigramas em forma de impropérios. “Outro tipo de mentiroso e politicamente correto é o artista. As artes plásticas contemporâneas ajudam muito, na medida em que gente que não sabe desenhar pode ser artista figurativo.” E se demarca de caronas equivocadas: “Reduzir a crítica ao politicamente correto ao ‘direito’ de contar piadas de negros e gays (piadas assim nada mais são do que falta de educação doméstica) é simples mau-caratismo”.

debate_demetrio (Foto: divulgação)

Sua marca registrada, a irreverência, é uma grife dos novos polemistas de direita. Eles dão um boi para entrar numa briga, e uma boiada para continuar nela. Se, eventualmente, a truculência retórica sacrifica o rigor conceitual, paciência. Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, é autor de obras como O Partido dos Trabalhadores e a política brasileira (1980-2006): uma história revisitada. A palavra-chave aqui é “revisitada”, no sentido de uma revisão crítica a pente-fino. Villa se tornou uma espécie de nêmesis do lulismo 24 horas por dia. “Luiz Inácio Lula da Silva não é um homem de palavra. Proclamou diversas vezes que, ao terminar seu mandato presidencial, iria se recolher à vida privada e se afastar da política. Mentiu. Foi mais uma manobra astuta, entre tantas que realizou, desde 1972, quando chegou à diretoria do sindicato de São Bernardo, indicado pelo irmão, para ser uma espécie de porta-voz do Partidão (depois de eleito, esqueceu do acordo)”, escreveu Villa.

Os “neocons” à brasileira não restringem seus pitacos a questões macroeconômicas ou macropolíticas. Também palpitam sobre moral, costumes e questões sociais. Vários deles comungam a mesma aversão aos discursos das “minorias” (e exigiriam as aspas). Pondé, que nunca pisa em ovos, pisou nos calos de muitos leitores da Folha de S.Paulo, onde publica uma coluna semanal, com esta frase: “A prostituta é a primeira e mais sublime vocação de toda mulher”. Choveram cartas de protesto à redação. Sua resposta foi apagar o fogo com gasolina. “Por que esse horror da prostituta como um dos arquétipos da mulher? Qual a mulher que gosta de sexo que nunca vestiu ‘a fantasia da sua prostituta’ para gozar o gozo da promíscua que, por ser promíscua, é a especialista em enlouquecer?” E a última estocada, com toques do falecido cantor Wando: “Hoje escrever como homem é raro, porque homens estão fora de moda (sim, cara leitora, eu sei que você sofre calada com isso à noite, sozinha na cama)”.

A mensagem

Para os cidadãos
Com o PT no poder, os intelectuais que chamam a atenção são os que desafinam o coro dos contentes 

Para os acadêmicos
Os novos polemistas romperam com a pasmaceira do
bom-mocismo na vida intelectual   

debate_texto Pereira Coutinho, que vive numa cidadezinha perto do Porto, em Portugal, constitui outro exemplo do protagonismo dos novos polemistas. Ele diz que não pega no pé de homossexuais – até porque nunca viu nenhum. “Não conheço homossexuais. Amigos meus dizem que existem. Outros dizem que são. Coço a cabeça e investigo: dois olhos, duas mãos, duas pernas. Um ser humano como outro qualquer. Mas eles recusam pertencer ao único gênero que interessa: o humano. E falam do ‘homossexual’ como algumas crianças falam das fadas ou duendes. Não existe o ‘homossexual’. Existem atos homossexuais. E atos heterossexuais. Eu próprio, confesso, sou culpado de praticar os segundos (menos do que gostaria, é certo)”, escreveu Coutinho, em um artigo de 2007.

Crítico do fundamentalismo islâmico, Coutinho espinafrou recentemente o poema panfleto do alemão Gunter Grass, prêmio Nobel de Literatura, que apontou o Estado israelense como a maior ameaça à paz mundial. “O fracasso político, econômico e cultural do Oriente Médio, esse oceano de 1 bilhão de muçulmanos, não se explica com uma gota de 5 milhões de judeus. Explica-se pelo autoritarismo, pela ignorância e pelo sectarismo de seus líderes”, diz Coutinho. Segundo Coutinho, há uma tentativa de certos setores da intelectualidade de vender “a ideia politicamente correta de que o politicamente incorreto é o novo politicamente correto”. “Não é”, diz ele. “O politicamente correto, como projeto linguístico e cultural que tenta apagar qualquer referência discriminatória/ofensiva/preconceituosa sobre o Outro, continua a ser uma forma tirânica de vandalismo intelectual e moral. Enganam-se os que pensam que é preciso usar trapos, viajar de camelo e viver no deserto para ser um fanático.”


Como alguns de seus colegas, o economista Rodrigo Constantino, influenciado pelos pensadores austríacos Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, apóstolos do livre mercado, também já bateu de frente com reivindicações “minoritárias”. Ao saber que o Conselho Estadual dos Direitos dos Negros pretendia enviar representantes à Feira Hippie de Ipanema, no Rio de Janeiro, para apurar a diferença de preço entre bonecas de pano brancas e negras (aquelas custavam R$ 85 e estas R$ 65), Constantino surtou. “Essa gente racista não tem limite do ridículo! Não estou falando da vendedora, claro, mas sim dos patrulheiros do politicamente correto. Querem revogar até as leis de oferta e demanda, em nome da ‘igualdade racial’. E dane-se que as bonecas negras tenham demanda, e por isso um preço menor. Quem liga para esses detalhes e para a liberdade de escolha dos indivíduos? Resta esperar pelos próximos passos. Se o boneco do Ken (o namorado efeminado da Barbie) for mais caro do que o boneco do Falcon (para quem tem mais de 30 anos, o.k.?), então é preconceito contra os barbudos.”


Magnoli é doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo (USP), membro do Grupo de Análises de Conjuntura Internacional (Gacint), colunista de O Estado de S. Paulo e O Globo e comentarista da GloboNews. Nos tempos de estudante universitário, militava numa tendência estudantil de extrema esquerda, a Liberdade e Luta (Libelu). Tornou-se um dos mais tenazes adversários da adoção de cotas raciais pelas políticas públicas. Ele afirma que essa posição não é politicamente incorreta. “Desde quando é politicamente incorreto considerar que os negros, por exemplo, são pessoas iguaizinhas às outras – logo, dispensam discriminações, positivas ou negativas?”, diz Magnoli. “Aliás, a incorreção política é uma questão antiquadamente latino-americana. O principal motivo desse anacronismo é que os países latino-americanos, com exceção de Cuba, não passaram pela experiência do socialismo real. Ao contrário dos ex-satélites soviéticos que não querem ver o comunismo nem pintado.”

Será que, em pleno século XXI, uma dicotomia ideológica tão maniqueísta como “direita” e “esquerda” continua com o prazo de validade em dia? Esse dualismo veio ao mundo na Revolução Francesa, há mais de 200 anos (a roda já tinha sido inventada, mas o pneu ainda não). Certo, Simone de Beauvoir resmungou que “quem diz que já não existem direita e esquerda é porque é de direita” (ela própria era uma canhotinha de ouro). No entanto, para efeitos práticos tal antinomia não estaria tão fossilizada quanto aquela entre monarquistas e republicanos? Surpreendentemente ou não, os dois lados da barricada parecem achar que esse Tratado de Tordesilhas ideológico continua com o prazo de validade em dia. Ainda que com matizes.

Uma característica clássica que contrasta liberais e conservadores dos progressistas é a primazia que aqueles dão à liberdade, e estes últimos à igualdade. Para Rodrigo Constantino, é preciso ir com mais vagar. “Esta definição simplista funciona melhor se restrita à economia”, diz Constantino. “A distinção entre liberdade e igualdade serve para dividir conservadores e progressistas em dois grandes grupos. Mas tem limitações. Os conservadores nem sempre se preocupam com algumas liberdades individuais de âmbito social. Por exemplo, tendem a condenar a legalização de drogas leves, como a maconha. Além disso, há uma igualdade que conservadores e liberais valorizam muito: aquela perante as leis.”

A virtude dos novos trombones da direita é evitar escrupulosamente o sonolento e borocoxô jargão acadêmico. Em seu livro, ao ecoar ensaístas como Harold Bloom (e sua crítica à “Escola do Ressentimento”), Pondé dá cornetadas no academicismo das universidades brasileiras. “Na universidade, a mediocridade vem vestida de burocracia da produtividade e corporativismo de bando”, diz. Seu tom, apinhado de “pitis” retóricos (que lembra os chiliques de Paulo Francis), é de um cronista flanando nas frases, não de um catedrático numa aula vetusta. “O mundo virou um grande churrasco na laje, e até os aeroportos parecem rodoviárias.”

Mesmo correndo o risco da superficialidade, os novos polemistas romperam com a pasmaceira do bom-mocismo que presidia a vida intelectual brasileira. Debate sem polêmica é compadrio. Já dizia o filósofo grego Aristóteles que “inteligência é insolência educada”. Nem “conservador” nem “progressista” deveriam ser anátemas políticos – são visões de mundo reciprocamente necessárias a uma sociedade democrática e à alternância no poder. Ninguém tem a ganhar com monólogos que pregam para os já convertidos. E, acima de tudo, se todo mundo pensa igual, é porque ninguém está pensando.


Por: PAULO NOGUEIRA - O escritor e jornalista luso-brasileiro Paulo Nogueira é autor dos romances O suicida feliz e Transatlântico  - http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/04/os-novos-trombones-da-direita.html


http://nacaofederalista.blogspot.com.br/2013/12/os-novos-trombones-da-direita.html

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Manipulação da opinião pública através da mídia – segundo Chomsky

Chomsky

Manipulação da opinião pública através da mídia – segundo Chomsky

Linguista genial, filósofo desconcertante e ativista político no mínimo polêmico, Avram Noam Chomsky, nascido em Filadélfia em 7 de dezembro de 1928 tem seu nome associado à criação da gramática ge(ne)rativa transformacional e evidentemente à célebre Hierarquia de Chomsky, que versa sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais.

Além de seu premiadíssimo trabalho acadêmico, tanto como professor quando pesquisador em linguística, Chomsky tornou-se muito conhecido pela defesa de suas posições políticas de esquerda — descrevendo-se como socialista libertário — bem como por seu corrosivo posicionamento de crítico contumaz tanto da política norte-americana quanto de seu uso da comunicação de massa para manipular a opinião pública.

Em uma de suas frases de efeito, Chomsky afirma que “a propaganda representa para a democracia aquilo que o cacetete (ou repressão da polícia política) significa para o estado totalitário”.

Em seu livro A Manipulação do Público, em coautoria com Edward S. Herman, Chomsky aborda este tema com profundidade apresentando seu modelo de propaganda dos meios de comunicação, documentado com numerosos estudos de caso, extremamente detalhados.

Um viés social pode ser definido como inclinação ou tendência de uma pessoa ou de um grupo de pessoas que infere julgamento e políticas parciais e, portanto, injustas para uma sociedade tida como um sistema social integral.

A abordagem de Chomsky explicita esse viés sistêmico dos meios de comunicação, focado em causas econômicas e estruturais, e não como fruto de uma eventual conspiração criada por algumas pessoas ou grupos de pessoas contra a sociedade.

O modelo denuncia a existência de cinco filtros, gerados por esse viés sistêmico, a que todas as notícias são submetidas antes da publicação. Filtros, que combinados distorcem e deturpam as notícias para o atendimento de seus fins essenciais.

1.o Filtro — PROPRIEDADE: A maioria dos principais meios de comunicação de massa pertence às grandes empresas.

2.o Filtro — FINANCIAMENTO: – Os principais meios de comunicação obtém a maior parte de sua renda, não de seus leitores, mas sim de publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas).

Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas para lucro, o modelo de Herman e Chomsky prevê que se deve esperar a publicação apenas de notícias que reflitam os desejos, as expectativas e os valores dessas empresas que os financiam.

3.° Filtro — FONTE: As principais informações são geradas por grandes empresas e instituições. Consequentemente os meios de comunicação dependem fortemente dessas entidades como fonte de informações para a maior parte das notícias. Isto também cria um viés sistêmico contra a sociedade.

4.° Filtro — PRESSÃO: A crítica realizada por vários grupos de pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação, atua como uma espécie de chantagem velada, para que os grandes meios de comunicação de massa jamais saiam de uma linha editorial consoante com seus interesses, muitas vezes à revelia dos interesses de toda a sociedade.

5. Filtro — NORMATIVO: As normas da profissão de jornalista calcadas nos conceitos comuns comungados por seus pares, muitas vezes estabelece como prioritário a atenção ao prestígio da carreira do profissional (proporcionalmente ao salário).

Prestígio esse obtido pela veiculação de determinada notícia, sempre em detrimento do efeito danoso à sociedade oriundo da manipulação dos fatos (por exemplo o sensacionalismo) com o objetivo de atender o mercado ( e também, novamente proporcionar prestígio tanto ao profissional quanto ao canal noticiante, como dito antes).

A análise de Chomsky descreve os meios de comunicação como um sistema de propaganda descentralizado e não conspiratório, mas mesmo assim extremamente poderoso.

Tal sistema é capaz de criar um consenso entre a elite da sociedade sobre os assuntos de interesse público estruturando esse debate em uma aparência de consentimento democrático que atendem aos interesses dessa mesma elite. Isso ocorrendo sempre às custas da sociedade como um todo.

Para os autores o sistema de propaganda não é conspiratório porque as pessoas que dele fazem parte não se juntam expressamente com o objetivo de lesar a sociedade, mas, no entanto, é isso mesmo que acabam fazendo, infelizmente.

Chomsky e Herman testaram seu modelo empiricamente tomando pares de eventos que são objetivamente muito semelhantes entre si, exceto que um deles se alinha aos interesses da elite econômica dominante, que se consubstanciam no interesse das grandes empresas, e o outro não se alinha.

Eles citam alguns de tais exemplos para mostrar que nos casos em que um “inimigo oficial” da elite realiza “algo” (tal como o assassinato de algum líder, por exemplo), a imprensa investiga intensivamente e devota uma grande quantidade de tempo à cobertura dessa matéria.

Mas quando é o governo da elite ou o governo de um país aliado que faz a mesma coisa (assassinato de um líder ou coisa ainda pior) a imprensa minimiza e destorce a cobertura da história.

E ironicamente, tal prática é muito bem aplicada à maior parte dos escritos políticos de Chomsky , que têm sido ignorados ou distorcidos pelos detentores dos meios de comunicação mundiais.

Chomsky aponta também em seus estudos algumas estratégias usadas pelos donos do poder para realizar uma verdadeira “manipulação mental” feita através dos meios de comunicação, mas isso já é assunto para um próximo artigo.


[Imagem: Wiki] Por Mustafá Ali Kanso - http://hypescience.com/manipulacao-da-opiniao-publica-atraves-da-midia-segundo-chomsky/



sábado, 23 de novembro de 2013

EVITE O LEITE... PELO BEM DA SUA SAÚDE

  evite o leite1 As indústrias de lacticínios americanas gastaram rios de dinheiro para convencer o público em geral que o leite é necessário por razões de saúde, mas o que não nos disseram é que para os adultos o consumo de leite animal pode estimular doenças coronárias, obesidades, diabetes, cancro de mama, próstata e cólon, doenças autoimunes, osteoporose, algumas doenças da retina e dos rins, diabetes tipo 1 em crianças predispostas, em que o pâncreas sofre uma destruição autoimune. Por isso, o alimento pode e deve ser evitado, sem prejuízo para o organismo.


O leite, particularmente o de vaca, é a mais comum das alergias a alimentos [Fonte: Rona, Nowak-Wegrzyn].

Mesmo quando não se é alérgico o leite é frequentemente intolerado no trato intestinal [Fonte: Nowak-Wegrzyn] e o problema vai muito além da intolerância à lactose pois este provoca inchaço intestinal, prisão de ventre e refluxo. Clinicamente, o leite, está ainda ligado ao aumento de problemas de pele (eczema), sinusite, enxaquecas e dores nas articulações [Fonte: Grant].


Na realidade o leite é muito mais do que uma bebida, é um fenômeno cultural e industrial passível de ser analisado ao longo da história das civilizações.


O mito do leite espalhou-se pelo mundo baseado na crença de que é rico em proteínas e cálcio e essencial para a saúde, especialmente dos ossos. Todavia os estudos mostram que são mais os malefícios e os efeitos nefastos à saúde do que os benefícios. Surpreendentemente não só o corpo humano é incapaz de absorver o cálcio do leite de vaca (especialmente pasteurizado), mas também ficou já provado que o leite pode aumentar as perdas de cálcio nos ossos.

Irônico?!evite o leite


Como todas as proteínas animais o leite aumenta a acidez do pH do corpo humano que por seu lado despoleta uma correção biológica natural. É que o cálcio é um excelente neutralizador de acidez e o maior armazém de cálcio do corpo é exatamente o esqueleto. Assim, o mesmo cálcio que os nossos ossos necessitam para se manterem fortes e saudáveis vai ser usado para neutralizar a acidez provocada pela ingestão de leite. Uma vez destacado dos ossos para equilibrar o pH, o cálcio é expelido pela urina causando um efeito surpreendentemente contrário ao que é advogado pelas indústrias leiteiras.


Sabendo tudo isto percebemos finalmente porque os países com menor consumo de lacticínios são também aqueles que possuem menor incidência de fraturas ósseas na população. É triste ver que os profissionais de saúde continuam a ignorar estes fatos comprovados


O leite de vaca é para vitelos!


Graças à nossa ingenuidade e talvez aos instintos de sobrevivência adotamos o ato dúbio de beber o leite de outras espécies. Ninguém nega a eficácia e pertinência do leite de vaca para os vitelos, mas ao contrário dos humanos estes deixam de consumir leite definitivamente uma vez que estejam crescidos… e o mesmo se aplica a todos os mamíferos à face do planeta. Além disso cada espécie de mamífero é o próprio ‘designer’ do seu leite que serve exatamente para a sua espécie, e isto aplica-se ao leite de vaca que contém três vezes mais proteínas que o leite humano o que obviamente tem de provocar distúrbios metabólicos nos humanos que erradamente o consomem.


evite o leitePara quem insiste em manter os lacticínios na sua dieta fique pelo menos a saber que o que compram no supermercado está muito longe de ser saudável. As vacas leiteiras recebem diariamente hormonas de crescimento e de simulação de gravidez para aumentar a produção de leite, bem como antibióticos vários para diminuir infecções provocadas pelos mais variados mecanismos e químicos a que estão expostas. Estes materiais obrigatoriamente contaminam o leite e o seu impacto para os seres humanos que o consomem é ainda desconhecido.


Concluindo, e como explica o famoso Save Our Bones Program,ao contrário do que diz a corrente, os media e os profissionais de saúde rebanhados a repetir unicamente o que ouvem sem tentar perceber se é correto ou não… beber leite e consumir lacticínios não é uma resposta ou uma reversão à osteoporose ou outras deficiências, bem pelo contrário.


No meio de tudo isto ressalva-se apenas que lacticínios naturalmente processados e sem adição de açúcares ou adoçantes estão já livres de acidez e os estudos atestam que o iogurte, as natas e o kefir que não possuem rBGH (hormona) têm francos benefícios para a saúde humana.

Fonte:http://portugalmundial.com/2013/01/e...ela-sua-saude/



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Descubra os 3 sinais para saber se um homem está apaixonado por você

Ele dá presentes maus: quando o assunto é presentes e surpresas, as mulheres imaginam coisas lindas e valiosas. No entanto, para os homens, isso não é sinônimo de amor. “Você pode reclamar que o seu tênis está causando bolhas ou que o seu ferro está à beira da morte.apaixonado ferro

E aí ele vai escutar ‘existe um problema, posso pensar numa solução’. E é nessas situações que nascem os presentes ruins”, diz Jane Greer, especialista em relacionamentos e autora do livro What About Me?. No entanto, ainda de acordo com a especialista, a surpresa pode ser desagradável, mas a intenção dele é apenas facilitar sua vida.

Ele quer sexo toda hora: você está visivelmente cansada e desinteressada, mas ele não para de tentar algo a mais. Na sua cabeça, ele está apenas querendo tirar o atraso e sendo insensível ao não notar que o que você realmente precisa é banho e cama. No entanto, uma pesquisa recente da Universidade do Texas mostrou que quanto mais um homem ama a sua mulher, mais ele inicia o sexo. apaixonado As mulheres costumam achar que o fato de um homem querer transar com frequência está ligado apenas a questões físicas, no entanto, o estudo mostra o contrário. “Homens gostam de agir. Então, em vez de dizerem que amam você, eles irão mostrar”, explica Barton Goldsmith, especialista em relacionamentos e autor de Emotional Fitness for Couples.

Ele deixa hobbies de lado: se ele sai com você mesmo quando o time dele está em campo, encare a atitude como algo muito importante. “Homens levam o tempo livre muito a sério, então, se ele abre mão desse tipo de coisa por você, isso deve ser considerado como um grande gesto”, explica Goldsmith.apaixonado torcida O especialista ainda pontua que, na maioria das vezes, os homens não sabem o que as mulheres querem ou precisam. Então, a chave para a satisfação é dizer ao seu parceiro o que você tem em mente. Ele irá encarar o seu pedido ou ideia como uma oportunidade de fazê-la mais feliz.

 


Fonte: http://ditadosereflexoes.blogspot.com.br/2013/11/descubra-os-3-sinais-para-saber-se-um.html


Anel ajustável folheado a prata c/ a oração ao Divino Espírito Santo


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

ALGUNS ROUBOS QUE FICARAM NA HISTÓRIA

Todo mundo sabe que, atualmente, com a tecnologia avançada, como análise de DNA e reconstruções de cenas de crimes, ser um criminoso de sucesso é quase impossível. No entanto, alguns roubos ou furtos de muito dinheiro ou objetos de valor realmente deram certo, e os criminosos saíram impunes. O crime então compensa? Bom, se você quiser tentar a sorte.

1 – GANGUE DO ASPIRADOR DE PÓ FRANCESA

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Desde 2006, na França, uma gangue de ladrões desconhecidos esvazia cofres de supermercados usando nada mais do que uma broca e um aspirador de pó modificado. O grupo de bandidos inovadores encontrou uma fraqueza no sistema de armazenamento de dinheiro da rede de supermercados francesa Monoprix. Envelopes de dinheiro são canalizados para o cofre via tubos de sucção pneumática. Considerando que a violação do cofre em si pode ser consideravelmente difícil, e exigir explosivos ou arrombamento, os ladrões perceberam que se eles apenas perfurassem os tubos de entrega perto do cofre e ligassem um aspirador poderoso, eles poderiam sugar o dinheiro e obtê-lo muito mais facilmente.

Este modo de roubo é muito original, já que a maioria dos ladrões recorreria a métodos de arrombamento tradicionais que deixam mais provas. Até 2011, o grupo roubou com sucesso quase 1,23 milhões de reais em quinze assaltos noturnos, deixando apenas algumas fitas com poucos homens mascarados como evidência.


 

2 – ASSALTO AO BANCO FRANCÊS CRÉDIT LYONNAIS

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Em 30 de março de 2010, ladrões entraram em um banco Crédit Lyonnais, no centro de Paris, e esvaziaram mais de uma centena cofres, fugindo com milhões de euros em dinheiro e objetos de valor.

A quadrilha cavou um túnel ao banco a partir de uma adega vizinha, e entrou no cofre através de um pequeno buraco que fizeram usando uma lança térmica (sistema de fogo de artifício). O banco em si estava fechado para reformas, no entanto, um guarda que ouviu ruídos do porão confrontou os ladrões, que o prenderam a uma cadeira. Enquanto isso, a gangue saqueou 125 cofres ao longo de algumas horas.

Eles, então, atearam fogo às instalações para eliminar qualquer evidência. O fogo alertou o guarda amarrado, que assumiu que os ladrões haviam deixado o local e acionou o alarme. A operação completa levou cerca de nove horas.

Até hoje, os ladrões ainda estão à solta, e por causa da falta de provas é improvável que eles sejam levados à justiça um dia. Este ataque tem semelhanças com o roubo de Baker Street (item 8) de 1971, e mostra que a segurança não melhorou tanto quanto deveria ao longo do tempo.


 

3 – CARL GUGASIAN

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Esse criminoso em particular foi bem sucedido durante uma carreira de roubar bancos que se estendeu por 30 anos e lhe rendeu mais de 3 milhões de reais. Quando Carl Gugasian tinha 15 anos, foi baleado ao tentar assaltar uma loja de doces e enviado a um reformatório para jovens. Após a sua libertação, ele se destacou em uma vida de crime.

Gugasian se formou na Universidade da Pensilvânia, EUA, obtendo um grau de mestre em análise de sistemas. Ele também recebeu treinamento com armas militares. Imediatamente após sua graduação, Gugasian começou a planejar roubos envolvendo carros roubados. Em oito ocasiões diferentes, ele planejou cometer seu primeiro assalto a banco. Eventualmente, ele cometeu seu primeiro delito, usando um carro roubado para sua fuga.

Foi depois disso que ele começou a desenvolver seu modo único de roubar bancos, com um planejamento meticuloso que impedia a polícia de detê-lo. Ele procurava bancos em cidades pequenas, que forneciam acesso fácil a uma autoestrada. Então, estreitava sua pesquisa, procurando por um banco que tinha horários de encerramento tardios, nos meses de inverno, de modo que a escuridão escondesse sua fuga. Ele só roubava bancos na sexta-feira, o que lhe rendeu o apelido de “ladrão da sexta-feira à noite”. Gugasian criava um esconderijo para armazenar qualquer evidência que o ligava ao crime (inclusive o dinheiro) imediatamente após o roubo. Ele voltava mais tarde para recuperar o material, quando o roubo já tivesse saído das manchetes.

Quanto ao assalto em si, Gugasian entrava no banco cinco minutos antes da hora de encerramento, quando os clientes não eram propensos a estar lá. Vestindo uma máscara horrível de um filme de terror (Freddy Krueger era um dos favoritos), ele fazia uma entrada assustadora que aterrorizada os funcionários. Então, pegava tudo o que podia do caixa e saía em menos de dois minutos. Imediatamente desaparecia dentro da floresta e corria por vários minutos até uma bicicleta. Em seguida, ia de bicicleta até uma van, onde carregava a bike e completava sua fuga.

No final, apesar de seu planejamento meticuloso, foi um simples caso de má sorte que levou à sua prisão. Dois jovens adolescentes encontraram um dos seus esconderijos enquanto brincavam na floresta. Estava cheio de armas, munições e máscaras que tinham suas impressões digitais. Existiam evidências suficientes para condenar Gugasian apenas por 5 assaltos a bancos, resultando em uma sentença de 17 anos, que ele ainda está servindo. Apesar disso, ele conseguiu escapar com mais de 45 assaltos armados a banco; uma incrível façanha considerando que, estatisticamente, mais de 65% dos casos de assalto armado a banco são resolvidos nos EUA.


 

4 – LADRÃO DO MUSEU DE ARTE MODERNA DE PARIS

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Em maio de 2010, um ladrão solitário invadiu o Museu de Arte Moderna de Paris e roubou obras-primas de artistas como Picasso e Matisse, no valor de pouco menos de 255 milhões de reais. Inacreditavelmente, o museu não tinha um alarme, e o ladrão foi capaz de simplesmente quebrar uma janela e remover as imagens de seus quadros sem incidentes.

O roubo foi descoberto às 7h da manhã seguinte. Apesar de haver seguranças no prédio no momento do assalto, nenhum ouviu o ladrão entrar ou notou as pinturas em falta e a janela quebrada.

A polícia especula que as pinturas podem ter sido “encomendadas” por um colecionador particular, pois este tem sido o caso de outros roubos de arte anteriores na cidade. Até 2011, ninguém foi preso pelo roubo e a polícia acredita que a pintura não está mais na posse do ladrão. Este é um exemplo de segurança muito pobre em torno de objetos com valor extremamente elevado.


 

5 – DEREK “BERTIE” SMALLS

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Bertie Smalls era um ladrão de inglês ativo na década de 1960 e 70, numa época considerada a época dourada do assalto à mão armada britânico. Smalls cometeu seu primeiro roubo quando tinha 15 anos e, após ser preso por um curto tempo, entregou sua vida ao crime. Antes de 1970, Smalls já tinha uma série de assaltos de alto perfil ligados ao seu nome, e era uma figura respeitada no submundo de Londres.

Em 9 de fevereiro de 1970, Smalls levou uma gangue para roubar uma agência do Banco Barclays. A quadrilha fugiu com sucesso levando 607.660 reais, um recorde na época. A maioria da equipe deixou a Inglaterra por várias rotas. Smalls embarcou em um trem para Paris e de lá foi para a Costa del Sol, onde lia jornais ingleses procurando atualizações da polícia sobre o roubo. A polícia fez uma descoberta logo após o ataque, com um informante nomeando Smalls como o líder da quadrilha.

Smalls retornou à Inglaterra e se entregou a polícia, passando o Natal na cadeia. Em 2 de junho, Smalls pediu uma reunião com o inspetor-chefe da prisão. Ele soube por seu advogado que passaria pelo menos 25 anos na prisão e, em uma tentativa de reduzir sua sentença, ofereceu à polícia um acordo: passaria o nome de todas as pessoas relacionadas com qualquer atividade criminosa que ele já tinha conhecido.

Smalls recebeu imunidade em troca de sua ajuda. No julgamento do roubo ao Banco Barclays, Smalls testemunhou contra cada um dos seus coconspiradores. Quando terminou de dar provas contra seus antigos amigos, eles supostamente cantaram para Smalls a música “Nós nos encontraremos de novo” (tradução livre), de Vera Lynn. O julgamento terminou com um tempo de prisão para a quadrilha totalizando mais de 100 anos. Nos meses após o julgamento, Smalls ajudou a condenar mais 21 associados, em um total de mais de 300 anos de prisão.

Como resultado, Smalls não recebeu nenhum tempo de prisão por sua participação no ataque a Barclays, embora tenha havido rumores de haver uma recompensa de 2,56 milhões de reais por sua cabeça, instigada por figuras poderosas do submundo, como os gêmeos Kray. Apesar disso, ele viveu sob proteção policial o resto de sua vida. Ainda hoje, os criminosos que delatam seus amigos são chamados de “Bertie Smalls”. A foto acima é de John Coyne retratando Smalls.


 

6 – ROUBO DO MUSEU ISABELLA STEWART GARDNER

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Na noite de 18 de março de 1990, dois homens disfarçados de agentes da polícia de Boston entraram no Museu Isabella Stewart Gardner e roubaram um valor estimado de 772 milhões de reais em obras de arte, incluindo obras de Rembrandt, Vermeer, Manet e Degas.

Como policiais, eles disseram aos guardas que estavam respondendo a uma chamada. Uma vez dentro, eles cercaram os guardas e os algemaram, colocando-os no porão. Na manhã seguinte, o museu encontrava-se saqueado.

O museu ainda deixa as molduras vazias penduradas no lugar como uma homenagem à arte roubada, e para mostrar sua esperança de que elas voltem ao seu devido lugar. Os criminosos nunca exigiram um resgate, e nunca serão presos, mesmo se forem apanhados, porque o estatuto de limitações expirou (esse estatuto coloca um limite sobre a quantidade de tempo que pode passar entre eventos supostamente ilegais ou criminosos e o momento em que se arquiva um processo legal em relação a esses eventos). O museu oferece uma recompensa de 5 milhões de dólares (7,72 milhões de reais) para quem tiver informações que levem à recuperação das obras de arte, assegurando total confidencialidade, o que implica que eles estão dispostos a pagar um resgate.


 

7 – ROUBO DE DIAMANTES DA “ESCOLA DE TORINO”

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Aproximadamente 7h da noite de uma sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003, a “Escola de Torino” estava prestes a realizar o maior roubo de diamantes que o mundo já viu. Leonardo Notarbartolo, o líder da quadrilha, supostamente permaneceu no cofre na sexta-feira, quando as portas de segurança se fecharam automaticamente. Algumas horas depois, o elevador que desce até o cofre foi supostamente usado por três outros membros da Escola. O detector de movimento ao pé do elevador já havia sido desativado por uma aplicação de spray de silicone, e o detector de luz do cofre tinha sido inutilizado com um simples pedaço de fita.

O acesso ao cofre não era tão fácil como entrar nele. O cofre em si era protegido por um sistema de bloqueio dual: uma combinação e uma fechadura com chave, com aço reforçado. A parte fundamental foi fácil, já que duplicatas da chave tinham sido feitas com antecedência. A fechadura de combinação foi um pouco mais difícil, e a polícia ainda não divulgou informações de como eles conseguiram quebrá-la.

Por trás dessas duas fechaduras havia um alarme de segurança que notificava a polícia assim que o cofre era aberto (quando os ímãs não se tocavam mais, o alarma soava). O alarme era automático e não podia ser desligado. O cofre foi derrotado com o mais minimalista dos movimentos: o time de assaltantes cortou os ímãs de seus locais de repouso e os deixou juntos, permitindo que a porta do cofre fosse aberta sem separar os ímãs.

Dentro do cofre, a Escola arrombou a porta pesada, sabendo que não seriam perturbados enquanto realizavam o maior roubo de diamantes da história. Eles invadiram 160 caixas de segurança, estourando fechaduras com uma ferramenta que eles criaram especificamente para o trabalho.

Esses profissionais não se limitaram a pegar os diamantes, dos quais o comércio é muito mais restrito do que a maioria crê; eles também pegaram a papelada necessária para vender os diamantes como legítimos. O que não poderia ser facilmente revendido, itens com valores combinados totalizando na casa dos milhões de dólares, foram deixados descuidadamente no chão do cofre.

No momento em que o assalto havia sido descoberto, os ladrões estavam muito longe. No entanto, o suposto líder da quadrilha, Leonardo Notarbartolo, foi condenado com base no DNA encontrado em um sanduíche comido pela metade encontrado perto da cena do crime. Ele foi condenado a 10 anos de prisão. Os outros membros da Escola nunca foram apreendidos e é improvável que serão, porque o estatuto de limitações já expirou ou expirará em breve.


 

8 – ROUBO DA BAKER STREET

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O roubo da Baker Street teve lugar em Londres, em 1971, quando uma equipe de ladrões cavou um túnel até o cofre do Banco Lloyds e roubou 3 milhões de libras esterlinas (em 2011, o equivalente a 70,77 milhões de reais).

Os criminosos usaram uma combinação de ferramentas que cortam metal, como lança térmica e explosivos, para cavar o túnel até ao cofre a partir de uma loja próxima. Perto do fim do assalto, um operador de rádio amador ouviu algumas das transmissões dos ladrões e contatou a polícia, que os procurou freneticamente em mais de 700 bancos dentro da área. Policiais chegaram a revistar o banco certo enquanto os assaltantes estavam dentro do cofre, no entanto, uma vez que nenhum dano era visível na porta do cofre, a polícia assumiu que tinha errado o banco e saiu.

Eles foram incapazes de pegar os ladrões no momento, mas, quase dois anos depois, um número de homens foi acusado de conexão com o roubo. O verdadeiro mandante do ataque era um negociante de carro de Londres, que nunca foi preso. A história do roubo foi imortalizada no filme semificcional “The Bank Job”, estrelado por Jason Statham.


 

9 – PANTERAS COR-DE-ROSA

 

Os Panteras cor-de-rosa são um bando de ladrões de joias sérvios, que a Interpol acredita serem responsáveis por alguns dos assaltos mais glamourosos da história. Seu estilo arrojado e planejamento intrincado são considerados arte até por criminologistas.

Eles já roubaram muitos países diferentes, sendo o roubo do Japão um dos mais bem-sucedidos. Em 1993, o grupo chamou a atenção com seu primeiro roubo, quando levaram um diamante no valor de 1,27 milhões de reais de um joalheiro em Londres. Os ladrões esconderam o diamante em um pote de creme para rosto parecido com um ato do filme “Return of the Pink Panther” (“A volta da pantera cor-de-rosa”), que lhes valeu o apelido.

Desde então, o grupo roubou com sucesso mais de 120 lojas diferentes em vinte países diferentes. Sua atenção ao detalhe é a razão por trás de sua alta taxa de sucesso. Por exemplo, antes de um assalto em Biarritz, a gangue pintou com tinta fresca um banco ao lado da joalheria para impedir que pessoas se sentassem ali e os vissem em ação.

Os Panteras cor-de-rosa também são conhecidos por suas fugas ousadas e arrombamentos criativos. Em St Tropez, eles roubaram uma loja vestidos em camisas floridas e depois fugiram em um barco de alta velocidade.

Em outro assalto de alto perfil, a quadrilha dirigiu um par de limousines roubadas através de uma janela em um shopping de Dubai, levando relógios e outros objetos no valor de mais 20 milhões de reais. Em ainda outro roubo, eles se vestiram como mulheres e roubaram mais de 153 milhões de reais no valor de joias de uma loja de Harry Winston em Paris, usando próteses e maquiagens no estilo Missão Impossível como disfarce.

Vários membros da gangue foram presos. Mas, como o grupo deve ter mais de 200 membros, a maioria saiu ilesa de seus crimes. Pensa-se que a gangue tem dinheiro na casa dos bilhões de dólares. O suposto líder da quadrilha, Dragan Mikić, escapou da prisão usando uma escada de corda em 2005, enquanto os Panteras cor-de-rosa apontavam metralhadoras ao muro da prisão.


 

10 – ALBERT SPAGGIARI

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Albert Spaggiari era um criminoso francês conhecido por ser o mentor do assalto ao banco Société Générale, na França, em 1976.

Quando jovem, cometeu seu primeiro roubo a fim de impressionar sua namorada, mas logo foi capturado e preso. Após a sua libertação, e após ter servido no exército francês, Spaggiari tornou-se o proprietário de um estúdio fotográfico. No entanto, ele aparentemente ficou entediado com sua vida de classe média e tentou retornar ao crime.

Ele começou a planejar a invasão do banco na cidade de Nice. Ele decidiu que, uma vez que o cofre do banco estava localizado no porão, a invasão seria melhor alcançada através da escavação por debaixo de um sistema de esgoto nas proximidades. Ele abriu um depósito de segurança no banco para si e colocou um despertador barulhento lá dentro a fim de verificar a existência de quaisquer detectores acústicos ou sísmicas que poderiam impedir seu plano. Na verdade, o cofre do banco não tinha alarme interior ou sistemas de segurança, pois era considerado absolutamente impenetrável.

Spaggiari, em seguida, recrutou um grupo de gangsters profissionais de Marselha para ajudá-lo a cavar o túnel. Ele os instruiu a nunca beber café ou álcool, e sempre dormir pelo menos 10 horas para evitar perigo para a missão. Após dois meses de escavações, o túnel foi concluído e, durante um festival do Dia da Bastilha, quando o banco fechou para um feriado prolongado, a quadrilha arrombou o cofre. Eles abriram mais de 400 caixas de depósito de segurança, roubando mais de 60 milhões de francos (moeda da época na França; o equivalente hoje a mais ou menos 20 milhões de reais).

Quando o roubo foi descoberto, a seguinte mensagem foi encontrada na parede do cofre: “sem armas, nem ódio, nem violência”. Nos meses seguintes, a polícia conseguiu prender um suspeito graças a uma dica de uma ex-namorada.

O homem admitiu ser parte do roubo e delatou o grupo todo, incluindo Spaggiari. Durante seu julgamento, no entanto, Spaggiari conseguiu escapar distraindo o juiz, entregando-lhe um pedaço de evidência falso. Ele pulou pela janela, onde uma moto estava esperando por ele e fugiu.

Ele nunca foi capturado. Spaggiari morreu com 52 anos de câncer na garganta, e seu corpo foi encontrado despejado na frente da casa de sua mãe, supostamente por amigos desconhecidos.

Fonte: Natasha Romanzoti em http://hypescience.com/10-ladroes-muito-bem-sucedidos/


Inclusão do Blog

11 - Assalto ao Banco Central do Brasil em Fortaleza

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Ladrões cometeram um assalto ao Banco Central do Brasil em Fortaleza, entre 6 e 7 de agosto de 2005. O fato só foi percebido no início do expediente na segunda-feira dia 8 de agosto. Foi o segundo maior assalto a banco do mundo. A escavação para se fazer o túnel que possibilitou a invasão demorou cerca de três meses. Segundo a Polícia Federal, com base em estimativas a partir do peso das notas roubadas (3,5), foram roubados aproximadamente R$ 164.755.150,00. As notas todas empilhadas chegariam a uma altura de quase 33 metros.

A execução

O assalto foi feito num fim de semana, enquanto o banco estava fechado. Em maio, a quadrilha alugou uma casa para abrir uma empresa de fachada, que comercializaria grama sintética. Os assaltantes usavam uniformes e começaram a escavar um túnel de 78 de comprimento, 70 cm de largura e 4 metros de profundidade, cuja parte final era um poço que atravessava o piso de 1 metro de espessura de concreto maciço. O túnel foi revestido com lona e inteiramente escorado com vigas de madeira para evitar desabamentos; contava com sistema de ar-condicionado e iluminação elétrica. O solo de Fortaleza é, fácil de escavar, e a quadrilha tinha um mapa subterrâneo para evitar tubulações. Os assaltantes possuíam um mapa do subsolo da cidade, conhecimentos de engenharia e, aparentemente, auxílio de alguém que trabalhava no banco. Além disso, tinham também uma rota de fuga flexível para atrapalhar as investigações. Até hoje, sabe-se que o dinheiro recuperado (apenas R$ 20 milhões) foi deixado, de propósito pelos assaltantes, no intuito de ganhar mais tempo para administrar o restante.

O planejamento

Três meses antes, o bando alugou a casa nº 1071 na Rua 25 de Março, no Centro de Fortaleza, distante de um quarteirão do prédio do Banco Central. A casa foi inteiramente caracterizada como uma empresa que produzia grama natural e sintética. Vizinhos estimavam que o grupo era constituído de algo entre 6 e 10 pessoas e perceberam que diariamente saíam carros carregados de terra mas entendíam que se tratava de algo normal para aquele ramo de atividade. O tunel foi construído com vigas de madeira e forrado com lona. Ele também tinha energia elétrica ao longo de todo o trajeto com iluminação, ventilação e sistema de ar condicionado. Acredita-se que foram utilizadas principalmente pás e picaretas mas sem uma britadeira seria difícil atravessar o piso do Banco. Em uma profundidade de 4 metros e com apenas 70 cm de largura, ao final o tunel atingiu a marca de 80 metros de comprimento, atravessando a Avenida Dom Manuel em direção ao Banco Central.

A execução

No fim de semana do assalto o bando atravessou o piso de 1,10 metro de concreto reforçado com aço para entrar no cofre. Nenhum alarme foi disparado, não houve registro nas câmeras de segurança que não gravavam, apenas filmavam. Uma das câmeras principais já estava bloqueada por uma empilhadeira. O peso aproximado das notas era de três toneladas e meia e apenas as cédulas com danos, destinadas para incineração, foram levadas. O dinheiro foi carregado através do túnel em bacias puxadas por cordas, em sistema de roldanas. Na saída da casa, foi espalhado um pó branco (cal) apagando impressões digitais. O dinheiro foi transportado inicialmente por vans que logo foram abandonadas.


 

12 - IMPUNIDADE: Assalto a cofres públicos roubo12

"Os crimes contra a administração pública devem ser apurados às claras, com celeridade e sem segredo de Justiça. Corrupção é um dos crimes que foram elevados à condição de hediondo, no Sistema Penal Brasileiro, a partir da edição da Lei 8.072, de julho de 1990. Portanto, desvio de recursos públicos, em qualquer das esferas e escalas de poder, é um crime hediondo a reclamar investigação e punição severas. No entanto, a impunidade, aliada à falta de compromissos com a ética, a moral e desrespeito de agentes políticos e alguns outros, fora do serviço público, com ele conluiados..." (Alexandre Távora de Oliveira)

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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

'Monopólio' brasileiro do nióbio gera cobiça mundial, controvérsia e mitos

Com 98% das reservas, Brasil não tem política específica para o mineral. Exportações cresceram 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi em 2012.

Um metal raro no mundo, mas abundante no Brasil, considerado fundamental para a indústria de alta tecnologia e cuja demanda tem aumentado nos últimos anos, tem sido objeto de controvérsia e de uma série de suspeitas e informações desencontradas que se multiplicam na internet – alimentando teorias conspiratórias e mitos sobre a dimensão da sua importância para a economia mundial e do seu potencial para elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Trata-se do nióbio, elemento químico usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas extremas. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada de aço, confere maior tenacidade e leveza. O nióbio é atualmente empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, em tomógrafos de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até piercings.

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O mineral existe no solo de diversos países, mas 98% das reservas conhecidas no mundo estão no Brasil. O país responde atualmente por mais de 90% do volume do metal comercializado no planeta, seguido pelo Canadá e Austrália. No país, as reservas são da ordem de 842.460.000 toneladas e as maiores jazidas se encontram nos estados de Minas Gerais (75% do total), Amazonas (21%) e em Goiás (3%).

Segundo relatório do Plano Nacional de Mineração 2030, o Brasil explora atualmente 55 substâncias minerais, respondendo por mais de 4% da produção global, e é líder mundial apenas na produção do nióbio. No caso do ferro e do manganês, por exemplo, em que o país também ocupa posição de destaque, a participação na produção global não ultrapassa os 20%.

Tal vantagem competitiva em relação ao nióbio desperta cobiça e preocupação por parte das grandes siderúrgicas e maiores potências econômicas, que costumam incluir o nióbio nas listas de metais com oferta crítica ou ameaçada. É isso também que alimenta teorias de que o Brasil vende seu nióbio “a preço de banana”; que as reservas nacionais estão sendo “dilapidadas”; e que o país está “perdendo bilhões” ao não controlar o preço do produto.

A chamada “questão do nióbio” não é um assunto novo. Um dos seus porta-vozes mais ilustres foi o deputado federal Enéas Carneiro, morto em 2007, que alardeava que só a riqueza do mineral seria o suficiente para lastrear toda a riqueza do país. O nióbio já chegou a ser relacionado até com o mensalão, após o empresário Marcos Valério afirmar na CPI dos Correios, em 2005, que o Banco Rural conversou com José Dirceu sobre a exploração de uma mina de nióbio na Amazônia.

Em 2010, um documento secreto do Departamento de Estado americano, vazado pelo site WikiLeaks, incluiu as minas brasileiras de nióbio na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são considerados estratégicos e imprescindíveis aos EUA . Mais recentemente, o nióbio voltou a ganhar os holofotes em razão da venda bilionária de uma fatia da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora mundial de nióbio, para companhias asiáticas. Em 2011, um grupo de empresas chinesas, japonesas e sul coreana fechou a compra de 30% do capital da mineradora com sede em Araxá (MG) por US$ 4 bilhões.

Independente do debate muitas vezes ideológico por trás da questão e dos mitos que cercam o mineral (veja quadro abaixo), o fato é que o quase ‘monopólio’ da oferta ainda não resultou numa política específica para o nióbio no Brasil ou programa voltado para o desenvolvimento de uma cadeia industrial que vise agregar valor a este insumo que praticamente só o país oferece.

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FATO: Trata-se de um mineral nobre e encontrado em poucos países, mas o preço está muito distante do valor do ouro. Segundo estatísticas oficiais, a liga ferro-nióbio foi comercializada em 2012 pelo preço médio de US$ 26.500 a tonelada. Já cotação média da onça do ouro (31,10 gramas) foi de US$ 1.718.

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FATO: O Brasil é o maior produtor mundial, respondendo por mais de 90% da oferta, seguido pelo Canadá e Austrália. O país detém mais de 98% das reservas conhecidas de nióbio no mundo, mas o mineral também é encontrado em países como Egito, Congo, Groelândia, Rússia, Finlândia e Estados Unidos.

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FATO: Sua utilização garante alta performance em setores relacionados à siderurgia, sobretudo na produção de aços de alta resistência. Hoje, o nióbio já pode ser considerado um insumo essencial para indústria aeroespacial, de óleo e gás, naval e automotiva. Mas não se trata de uma fonte de energia primária ou de alto nível de consumo como o petróleo.

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FATO: O metal possui uma série de vantagens competitivas na produção de aços mais leves e ligas especiais. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada, confere maior resistência ao aço. Hoje é empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, tomógrafos entre outras aplicações. O nióbio possui, entretanto, concorrentes equivalentes como o vanádio, o tântalo e o titânio.

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FATO: O quase monopólio brasileiro da produção desperta a cobiça e a preocupação de outros países, pois ninguém gosta de depender de um único fornecedor. Documento do Departamento de Estado americano, vazado em 2010 pelo WikiLeaks, inclui as minas brasileiras na lista de locais considerados estratégicos para a sobrevivência dos EUA. Em 2011, um grupo de companhias chinesas, japonesas e sul coreanas adquiriram por US$ 4 bilhões 30% do capital da brasileira CBMM.

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FATO: O preço médio de exportação de ferro-nióbio subiu de US$ 13 o quilo em 2001 para US$ 32 em 2008. Em 2012, a média ficou em US$ 26,5 o quilo. Como os preços não são negociados em bolsas e como as produtoras possuem subsidiárias em outros países, existem suspeitas não comprovadas de subfaturamento. Segundo as empresas e especialistas, uma grande alta no preço poderia incentivar a substituição do nióbio por produtos concorrentes e até uma corrida pela abertura de novas minas.

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FATO: Somente a CBMM, em Araxá, explora jazidas com durabilidade estimada em mais de 200 anos, considerando a demanda atual. As reservas conhecidas no país são da ordem de 842.460.000 toneladas e, segundo o governo, não existe previsão de início de produção em outras áreas do país com reservas lavráveis conhecidas como Amazonas e Rondônia.

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FATO: apesar do nióbio ser encontrado em regiões de fronteira, onde ocorrem pequenos garimpos, em razão das difíceis condições de produção e transporte para os países consumidores o governo considera infundadas as suspeitas de contrabando.

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FATO: O fato de possuir mais de 98% das reservas conhecidas deve garantir ao Brasil por muitos anos praticamente o monopólio da oferta, mas, apesar do crescimento da intensidade de uso do nióbio e das inúmeras possibilidades de aplicações, a relevância e valorização do mineral ainda não se compara ao ouro ou ao petróleo.

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FATO: O governo não prevê qualquer abordagem específica para o nióbio dentro das discussões sobre o novo marco regulatório da mineração. A oferta de nióbio está praticamente toda nas mãos das duas gigantes privadas que operam no país, sem a articulação de uma política de desenvolvimento de um parque industrial nacional consumidor de nióbio. Por outro lado, as exportações de ferro-nióbio contribuem para o superávit da balança e o metal é hoje o 3º item mais importante da pauta mineral de exportação.


Governo nega que riqueza seja negligenciada

Embora seja enquadrado pelo governo federal como um mineral estratégico, o Ministério de Minas e Energia (MME) informa que não há previsão de “uma abordagem específica para o nióbio” dentro das discussões sobre o novo Marco Regulatório da Mineração, que deverá ser encaminhado em breve para o Congresso Nacional.

O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta, mas este potencial é desaproveitado" (Monica Bruckmann, professora do Departamento de Ciência Política da UFRJ)

“O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta, mas este potencial é desaproveitado”, afirma a pesquisadora Monica Bruckmann, professora do Departamento de Ciência Política da UFRJ e assessoria da Secretaria-Geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). “O que se esperaria é que o Brasil tivesse uma estratégia muito bem definida por se tratar de uma matéria-prima fundamental para as indústrias de tecnologia de ponta e que pode ser vista como uma fortaleza para a produção de energias limpas e para o próprio desenvolvimento industrial do país”, emenda.

Para o pesquisador Roberto Galery, professor da faculdade de engenharia de minas da UFMG, o Brasil deveria usar o nióbio como um trunfo para atrair mais investimentos e transferência de tecnologia. “Se o Brasil parasse de produzir ou vender nióbio hoje, isso geraria certamente um caos”, afirma.

O governo rechaça, entretanto, as críticas de que o país estaria negligenciando esta riqueza. “O atual nível de produção de nióbio no Brasil somente foi viável devido aos investimentos no desenvolvimento de tecnologia nacional de produção e na estrutura do mercado para o uso desse metal”, afirmou o MME.

“Consideramos que o país tem aproveitado adequadamente o nióbio extraído do seu subsolo, se considerarmos que o minério é convertido em ferro-liga e exportado com um maior valor agregado, por outro lado, na medida em que o parque siderúrgico brasileiro se desenvolver, a utilização de nióbio para a produção de aço poderá aumentar”, acrescentou o ministério.

Desde a década de 70, não há comercialização do minério bruto ou do concentrado de nióbio (pirocloro) no mercado interno ou externo. O metal é vendido, sobretudo, na forma da liga ferro-nióbio (FeNb STD, com 66% de teor de nióbio e 30% de ferro), obtida a partir de diversas etapas de processamento. Segundo o governo, as exportações de ferro-liga de nióbio atingiram em 2012 aproximadamente 71 mil toneladas, no valor de US$ 1,8 bilhões.

Somente dois produtores no Brasil

Toda a produção brasileira de nióbio está concentrada nas mãos de duas empresas: a CBMM, controlada pelo grupo Moreira Salles – fundadores do Unibanco – e a Mineração Catalão de Goiás, controlada pela britânica Anglo American.

minas300 Vista aérea das instalações da CBMM, em Araxá, e da Anglo American, em Catalão (Foto: Divulgação )

A CBMM é a empresa líder do mercado de nióbio, respondendo por cerca de 80% da produção mundial. Em seguida, estão a canadense Iamgold, com participação de cerca de 10%, e a Anglo American, com 8%, que só possui operação de nióbio no Brasil.

O comércio global de nióbio se deve em grande parte aos esforços e pioneirismo destas companhias no processamento do mineral. “Com as descobertas de significativas reservas de pirocloro no Brasil e no Canadá, e com a sua viabilidade técnica, principalmente pelos esforços tecnológicos e comerciais da CBMM, houve uma transformação radical nos aspectos de preços e disponibilidade dessa matéria-prima para a obtenção de nióbio, o que foi fundamental para a conquista do mercado mundial pelo Brasil”, afirma o ministério.

A CBMM informa estar presente hoje em todos os países produtores de aço, com destaque para a China, Japão, Estados Unidos, Coreia, Índia, Alemanha, Rússia e Inglaterra. “O programa de desenvolvimento de mercado da CBMM tem 50 anos. Nesse período, a companhia adquiriu legitimidade para desenvolver tecnologia do nióbio com os usuários finais e clientes diretos”.

Em 2012, a companhia informou ter registrado lucro líquido de R$ 1,454 bilhão, uma alta de 18% na comparação com o ano anterior, segundo balanço publicado em jornais de Minas Gerais. O mercado internacional foi responsável por 95% do faturamento total da empresa no ano passado, quando o montante chegou a R$ 3,898 bilhões.

Procurada, a empresa não atendeu ao pedido de entrevista com um porta-voz e de visita às suas instalações, se limitando a responder a perguntas encaminhadas por e-mail. 

“A CBMM comercializa produtos de nióbio acabados e, portanto, não é exclusivamente mineradora. A etapa de mineração é a primeira de 15 etapas em seus processos produtivos que contam com tecnologia própria totalmente desenvolvida por ela no Brasil. O desenvolvimento tecnológico de processos, produtos e aplicações da CBMM é reconhecido internacionalmente. A empresa possui mais de 100 projetos com clientes e usuários finais", informou a companhia.

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Crescimento da demanda por nióbio

Segundo o diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Tunes, o aumento da demanda se deve, sobretudo, à conquista de novos clientes no mundo. “Essas empresas sempre tiveram um comportamento no sentido de criar mercados e nos últimos 10 anos atuaram fortemente na Europa e na China”, afirma o especialista.

Tunes explica que o nióbio possui concorrentes no mercado de insumos para ligas especiais como o tântalo, o vanádio e titânio, e que a farta oferta brasileira é o que vem garantindo a o aumento do consumo e da penetração do nióbio na indústria mundial. “O fato do nióbio ser praticamente um monopólio traz uma limitação de mercado, pois ninguém gosta de ficar na mão de um único produtor. Mas o mundo hoje já está mais confiante que tenha suprimento garantido”, afirma.

A demanda mundial por nióbio tem crescido nos últimos anos a uma taxa de 10% ao ano. O maior salto ocorreu a partir de 2004, puxado principalmente pelo aumento do apetite chinês por aço.

As estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o volume de ferro-nióbio exportado cresceu 110% em 10 anos, passando de 33.688 toneladas em 2003 para 70.948 em 2012. O maior pico foi registrado em 2008, quando as vendas somaram 72.771 toneladas.

3º mineral mais exportado

Segundo o Ibram, o nióbio respondeu por 4,68% das exportações minerais brasileiras em 2012. O nióbio tem sido nos últimos anos o 3º item mais importante da pauta mineral de exportação, ficando atrás apenas do minério de ferro e do ouro, cujas exportações no ano passado somaram, respectivamente, US$ 30,9 bilhões (80,06%) e US$ 2,3 bilhões (6,06%).

Em 2012, a produção total de nióbio no país foi de 61 mil toneladas – mas em 2007 chegou a quase 82 mil toneladas. O Ibram prevê que até 2015 a produção anual chegará a 100 mil toneladas.

A Anglo American estima um crescimento de 6% ao ano no mercado de nióbio. Já a CBMM afirma que o objetivo da companhia é aumentar a demanda em 50% até 2020.

Embora o consumo de ferro-nióbio esteja diretamente relacionado ao mercado siderúrgico, a demanda pelo produto tem crescido a um ritmo superior ao da produção de aço. Levantamento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostra que entre 2002 e 2007 a taxa média de crescimento do consumo de ferro-nióbio foi de 15% ao ano, ao passo que o crescimento médio da indústria siderúrgica foi de 2% ao ano.

“A intensidade do uso vem crescendo na siderurgia o que faz com que o aumento da demanda por nióbio seja muito mais pronunciado”, afirma Ruben Fernandes, presidente da unidade de negócios Nióbio e Fosfato da Anglo American.

nio620 Nióbio é extraído a céu aberto na mina da Anglo American em Catalão (GO) (Foto: Divulgação)

Preocupação com a sustentabilidade abre mercados

As empresas apostam numa maior adesão ao produto no mundo, especialmente devido à demanda por matérias-primas mais eficientes e à preocupação com a sustentabilidade. O ferro-nióbio pode ajudar, por exemplo, a produzir estruturas e veículos mais leves, que consomem menos energia e combustível.

A indústria chinesa, por exemplo, é um dos setores que ainda usam aço com uma porção pequena de nióbio, diferentemente do que já ocorre em mercados como EUA, Europa e Japão, onde as siderúrgicas costumam fazer adições de 80 a 100 gramas do minério por tonelada de aço. Na China, esse índice de uso é de cerca de 25 gramas por tonelada de aço.

“A China e diversos outros países começam a enxergar os benefícios do uso do nióbio em obras de infraestrutura, para a construção de estruturas mais leves, que não se degradam no tempo e com um impacto ambiental menos intenso”, diz o executivo da Anglo American.

Consideramos que o país tem aproveitado adequadamente o nióbio extraído do seu subsolo, se considerarmos que o minério é convertido em ferro-liga e exportado com um maior valor agregado, por outro lado, na medida em que o parque siderúrgico brasileiro se desenvolver, a utilização de nióbio para a produção de aço poderá aumentar" (Ministério de Minas e Energia)

As empresas que atuam no Brasil afirmam possuir capacidades instaladas para atender ao atual ritmo de crescimento da demanda mundial. A CBMM avalia que suas reservas em Araxá são suficientes para garantir a produção de nióbio por mais de 200 anos.

A Anglo estima em 40 anos o tempo de vida útil de suas jazidas e anunciou neste ano que irá investir US$ 325 milhões até 2016 na ampliação da capacidade de produção da sua planta em Catalão (GO), com o objetivo de elevar a produção anual do patamar de 4.400 toneladas de nióbio para 6.500 toneladas.

Política de preços

É diante desta perspectiva de aumento da demanda mundial e de concentração de mercado que os críticos do atual modelo de exploração do nióbio cobram uma maior atuação do governo federal, defendendo o controle do preço de comercialização do produto e em alguns casos até mesmo a estatização da produção.

“Quem consome nióbio são empresas transnacionais superespecializadas. É de se imaginar, portanto, que exista uma enorme pressão de fora para ter um produto que eles precisam a um preço acessível”, avalia o pesquisador Roberto Galery, professor da faculdade de engenharia de minas da UFMG.

Para Adriano Benayon, economista e autor do livro “Globalização versus Desenvolvimento”, com a produção restrita a dois grupos econômicos no Brasil é “evidente” que o interesse é exportar o nióbio do Brasil “ao menor preço possível”.

Pelos cálculos do pesquisador, autor de vários dos artigos sobre nióbio que circulam na internet, o Brasil poderia ganhar até 50 vezes mais o que recebe atualmente com as exportações de ferro-nióbio, caso ditasse o preço do produto no mercado mundial e aumentasse o consumo interno do mineral.

“A nacionalização impõe-se, porque ao Brasil importa valorizar o produto externamente e investir, com os recursos da exportação valorizada, em empresas para produzir com crescente incorporação de tecnologia e crescente valor agregado bens que elevem a qualidade dos empregos e o quantum da renda nacional”, argumenta Benayon.

'Não há uma diretriz política para estatização, diz ministério

Questionado sobre o tema, o MME afirmou que “não há uma diretriz política para estatização de minas de qualquer bem mineral”.

nioferron300 Metal retirado do solo e é comercializado na forma de liga ferro-nióbio (Foto: CBMM/Divulgação)

“Quanto às vendas de reservas, considerado aqui como futuras aquisições, as mesmas são estabelecidas entre empresas privadas, sem a intervenção direta do governo federal”, acrescentou o ministério.

As estatísticas oficiais apontam para uma relativa estabilidade nos preços do nióbio nos últimos anos. O último grande salto ocorreu em 2007, quando o preço médio de exportação da liga ferro-nióbio subiu de US$ 13 para US$ 22 o quilo, chegando a US$ 33 em 2008, devido, principalmente, ao aumento da demanda. Em 2012, o preço médio ficou em cerca de US$ 27 o quilo, segundo dados do MDIC.

Como os preços são negociados diretamente entre o comprador e o vendedor, e não em bolsas, os valores de cada venda acabam sendo confidenciais, o que costuma levantar suspeitas de subfaturamento.

“Para saber o preço efetivo e os ganhos reais das empresas que controlam o mercado, precisar-se-ia confrontar não os preços de importação, mas sim os preços de venda no mercado desses países [compradores], praticados pelas empresas importadoras do mesmo grupo das exportadoras”, diz Benayon.

Segundo as empresas, tais suspeitas não têm fundamento. “Nossa carteira de pedidos vai diretamente para o cliente final. Não vendemos para nenhuma das subsidiárias da Anglo, vendemos para as siderúrgicas que aplicam o nióbio nos seus aços. Não temos nenhuma operação de venda de nióbio fora do Brasil”, afirma Fernandes, da Anglo American. “Apesar de não estar listado em bolsa, o preço do nióbio obedece a clássica lei de oferta e demanda”, emenda.

Margem de lucro alta

Os números e valores da receita da comercialização de nióbio informados nos balanços da Anglo American e da Iamgold – ambas de capital aberto – apontam que o preço médio do quilo de ferro-nióbio chegou a US$ 40 em 2012.

Não há nada insubstituível no mundo, o que há é economicidade no processo. Se o preço do nióbio brasileiro for elevado, outras jazidas no mundo todo entrarão em produção. Foi isso o que aconteceu recentemente com as terras raras na China" (Elmer Salomão, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM))

Segundo a Anglo American, a divisão de nióbio respondeu por uma receita de US$ 173 milhões em 2012 e gerou para a companhia um lucro operacional de US$ 81 milhões. Embora a exploração de nióbio tenha gerado uma margem de lucro superior a 40%, o mineral respondeu por apenas uma fração dos ganhos totais da companhia, que possui um amplo portifólio e registrou lucro global de US$ 6,2 bilhões no ano passado.

Já a canadense Iamgold reportou ter obtido em 2012 uma receita de US$ 190,5 milhões com a exploração de nióbio e uma margem de lucro de US$ 15 por quilo de nióbio vendido.

“O nióbio é bem competitivo, está bem posicionado, mas a rentabilidade depende muito do teor de nióbio contido no concentrado que é retirado da mina. O teor do nosso concorrente é muito maior. Já o dos novos projetos que estão sendo estudados no mundo tem teor muito menor”, explica o executivo da Anglo.

Atualmente estão sendo desenvolvidos novos projetos de exploração de nióbio no Canadá, no Quênia e em Nebrasca, nos Estados Unidos, que hoje importa 100% do nióbio que consome.

No Brasil, embora existam reservas conhecidas na região de fronteira e em áreas de reservas indígenas no Amazonas e em Roraima, o governo informa que não existe previsão de produção em novas minas ou novas concessões. “O nióbio de São Gabriel da Cachoeira (AM) carece ainda de tecnologia para permitir a sua extração com viabilidade econômica”, informou o ministério.

Consequências de uma eventual intervenção

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), Elmer Prata Salomão, alerta que uma eventual intervenção governamental na oferta ou no preço do nióbio representaria um grande tiro pela culatra.

Segundo Salomão, o fator determinante para o 'monopólio' brasileiro no nióbio é o custo de produção "praticamente imbatível". "Não há nada insubstituível no mundo, o que há é economicidade no processo. Se o preço do nióbio brasileiro for elevado, outras jazidas no mundo todo entrarão em produção. Foi isso o que aconteceu recentemente com as terras raras na China”, diz o especialista.

nioanglo300 Anglo anunciou investimentos de US$ 325 milhões para ampliar produção em Catalão (Foto: Divulgação)

Ele lembra que o gigante asiático anunciou em 2011 uma redução de mais de 10% no volume de exportação de terras raras com o objetivo de atrair mais indústrias de tecnologia como fabricantes de tela de LCD para o país. “A China resolveu contingenciar e elevar o preço de terras raras e o que acontece é que já existem quase 50 projetos na área em fase de pesquisa e desenvolvimento no mundo”, afirma.

O diretor do Ibram também acredita que a elevação do preço do nióbio estimularia a busca por produtos substitutos. “A ambição de ganhar mais acaba sempre facilitando a entrada de concorrentes”, afirma Tunes. Ele explica que o nióbio apresenta hoje melhor vantagem em relação aos outros elementos químicos não apenas por suas propriedades, mas também por ser um metal com oferta abundante.

Nióbio gerou R$ 5,29 milhões em royalties em 2012

Segundo o governo, o controle da produção e venda de nióbio é feito atualmente pelo DNPM. O governo informa, entretanto, que o órgão não possui a competência de fiscalizar a produção e comercialização do ferro-liga de nióbio.

Segundo o DNPM, a exploração de nióbio garantiu em 2012 um recolhimento de CFEM (Compensação Financeira sobre a Exploração Mineral) de R$ 5,29 milhões – valor que foi distribuído entre União e estados e municípios produtores.

Pela legislação atual, a CFEM varia de 0,2% até 3% e incide sobre o valor do faturamento líquido obtido por ocasião da venda do produto mineral. No caso de minerais como o nióbio a alíquota é de 2%. O DNPM explica que como no caso do nióbio não ocorre a venda do mineral bruto, é considerado como valor para efeito do cálculo da CFEM a soma das despesas diretas e indiretas ocorridas antes da transformação da matéria-prima em ferro-nióbio. Ou seja, o valor arrecadado com a CFEM pouco reflete a valorização do ferro-nióbio no mercado mundial.

A China e diversos outros países começam a enxergar os benefícios do uso do nióbio em obras de infraestrutura, para a construção de estruturas mais leves, que não se degradam no tempo e com um impacto ambiental menos intenso" (Ruben Fernandes, Anglo American Brasil)

A revisão das alíquotas dos royalties da mineração está entre os pontos que devem ser abordados pelo novo Código de Mineração, em discussão no governo. Está prevista a criação da Agência Nacional de Mineração, substituindo o DNPM, e Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), de forma a regulamentar os leilões de áreas públicas, nos mesmo moldes utilizados para o petróleo.

Embora não esteja prevista uma abordagem específica para o nióbio no novo marco regulatório, o MME reconhece que a legislação mineral vigente ainda “não possui instrumentos necessários para uma abordagem específica para minerais estratégicos”.

“O governo federal avalia que o país já possui a tecnologia necessária para a produção de ferro-nióbio, porém, é necessário que se avalie a capacidade de o parque industrial brasileiro possuir os demais fatores necessários para transferência de tecnologia de produção de manufaturados que contenham nióbio”, acrescentou o ministério.

Para Salomão, da ABPM, o setor mineral tem contribuído para os investimentos no país e para o superávit da balança comercial e não deve utilizado como combustível ideológico para políticas intervencionistas.

“Se o Brasil não está aproveitando hoje suas riquezas minerais como deveria é porque não tem uma política industrial nesse sentido”, afirma. “O que não podemos fazer é guardar toneladas de minério sem saber se no futuro isso será tecnologicamente utilizado ou não. Somos obrigados a aproveitar os nossos recursos minerais justamente devido à revolução tecnológica. A idade da pedra não acabou por causa da pedra, mas porque a pedra foi substituída por outra coisa”, conclui.

Fonte: Darlan Alvarenga Do G1 - http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2013/04/monopolio-brasileiro-do-niobio-gera-cobica-mundial-controversia-e-mitos.html

 http://lauropadilha.blogspot.com.br/2013/08/brasileiro-do-niobio-gera-cobica.html


Conjunto de brincos e pingente c/ três golfinhos. Acompanha corrente.